Assecor

Temer blinda Meirelles e equipe econômica

O presidente Michel Temer decidiu efetivar o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, num processo de blindagem da equipe econômica contra movimentos que possam provocar instabilidade, como ocorrido na semana passada. O próprio ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem sentido a pressão e conversou com Temer sobre o assunto. Temer reforçará a posição de Meirelles em todos os momentos em que isso for oportuno. Temer reitera diariamente seu apreço por Meirelles e em nenhum momento deu qualquer sinal de que poderia fazer outra opção na condução da economia. O PSDB, em uma nova aproximação com o governo, chegou a alimentar a veleidade de comandar a economia, mas o presidente não estimulou o partido que, no máximo, poderá ocupar a Secretaria de Governo, vaga com a saída de Geddel Vieira Lima. O nome, atualmente, mais cotado para a pasta, é o do senador José Aníbal, suplente do senador José Serra, ministro das Relações Exteriores. Aníbal tem bom trânsito no Congresso e é próximo ao presidente Michel Temer. O presidente pensou, a determinada altura, quando assumiu seu mandato efetivo, trocar Dyogo, considerado um técnico em cargo político de grande complexidade, onde se tratam os temas como a administração pública, funcionalismo, contas do governo. Porém, agora, o momento exige outra postura. A aproximação do PSDB com o governo, com a consequente proposta de que fossem ouvidas as sugestões do ex­presidente do Banco Central, Arminio Fraga, no sentido de estancar a recessão, e sugestões para que o presidente convidasse alguém do partido para o ministério do Planejamento no lugar de Dyogo, indicando­se então o nome do senador Tasso Jereissati, acenderam as luzes de alerta para Meirelles e para Temer. Tasso vinha sendo falado, antes dessas negociações para aumentar a presença do PSDB no governo, como candidato de Geraldo Alckmin para presidir o PSDB, num gesto hostil a Aécio Neves, presidente do partido. Para o governo Temer, contudo, melhor seria se Tasso assumisse a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE). Apesar disso, Temer quer e vai ouvir o que os tucanos têm a sugerir e deve acatar muitas de suas ideias, inclusive na economia, em acordo com Meirelles. O PSDB vai organizar uma espécie de seminário, do qual participarão técnicos do governo Temer e o economista Arminio Fraga, além de parlamentares da cúpula partidária e outros especialistas, para debater e reunir propostas novas com o objetivo de fazer reagir a economia. Temer ainda considera Meirelles o coração do governo, uma síntese do que pretende realizar em dois anos. Nada fará para reduzir a autoridade do Ministro da Fazenda. O presidente vai efetivar Dyogo, reafirmar o apoio a Meirelles e já definiu questões de política econômica em que não acredita como sendo a solução. Entre elas, por exemplo, as propostas que chegam ao governo para ampliar o microcrédito e, com isso, oxigenar o consumo. Temer partilha da máxima de Meirelles de que se resolve o consumo pelo emprego, e esse pelo crescimento. Está, porém, aberto a sugestões que contenham "maior engenhosidade". Quanto à Secretaria de Governo, um cargo que Temer pretende nomear em definitivo após a eleição para as mesas da Câmara e do Senado, em fevereiro, surgiu com mais força nos últimos cinco dias o nome do senador José Aníbal, entre tantos do PSDB. Não é para agora, a sondagem nem se consumou ainda, mas o nome de Aníbal já circula nos gabinetes do Planalto. Além de personificar um representante da cúpula tucana, Aníbal tem uma peculiaridade: é amigo de Temer há muitos anos, e desfruta de sua máxima confiança. "Do tipo que fuma charutos com ele [Temer] segunda à noite no Jaburu", define um auxiliar presidencial. Segundo esse auxiliar, Aníbal reúne várias características que a sucessão de Geddel Vieira Lima exige para o cargo. Em primeiro lugar, não tem o nome citado nas investigações da Operação Lava­Jato, um pré­requisito para a nomeação. Além disso, é um político tradicional, com trânsito nas duas Casas. Quando era deputado federal, foi líder da bancada do PSDB na Câmara. Há dois complicadores: primeiro, o PMDB da Câmara reivindica a vaga de Geddel Vieira Lima, egresso da Casa e ex­líder da bancada. Além disso, o PSDB perderia uma vaga no Senado. O segundo suplente de Serra é o vereador reeleito de São Paulo, Atílio Francisco, do PRB, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus. A eventual indicação de Aníbal teria um relevante peso simbólico num momento em que Temer busca cimentar a aliança com o PSDB. Temer levaria o PSDB para dentro do Palácio do Planalto, onde recebeu, na semana passada, os senadores tucanos Tasso Jereissati (CE), Ricardo Ferraço (ES) e o próprio Aníbal para ouvir sugestões na área econômica para o momento "PEC dos Gastos". 

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